sexta-feira

Extratos de brisa




cereja ameixa rosa
efêmeras arraigadas
leitura que leva e busca
estigma que nem se faz tatuar

violeta framboesa amora
etéreas idéias ameigadas
cultura que lega e ofusca
enigma: a uva o terroir

o plantio o cultivo
clima solo sol vento chuva
os pés as mãos os pés
extratos de brisa que nem quero decifrar

sábado

Amor envasado

se abre suave sinuosa
baila brilhos sopra véus
deita encantamento
aromas pelos céus

diante dela o desejo seca boca cala frio
maruja olhos sua mãos
vislumbra e pede pele e seda 

na boca se entrega
derrama sins e nãos
e suspira profundamente
um longo amor

sexta-feira

A última lágrima


você sai pro seu jamais
leva um amor antigo
você vai e deixa mais
sem jeito o ar comigo

vai negar que amou-me
o mais belo amor
sim eu sempre soube
bem ou mal eu soube sim

ao mentir olhe pro além
suspire e se acalme
eu seguirei sem ter você
até que o vinho acabe

desviou tanto os olhos
que nem viu cair
a última lágrima

você vai eu sei
goodbye  

quinta-feira

Beijo de despedida

abri a porta 
veio branda 
um pouco seca 
calada 

puxei a cadeira 
entre verdes vermelhos 
cheiros bem temperados 
adocicou acanhada 

servi a mesa 
frutos do mar crus em leve molho 
salmão alcaparras azeite 
fartou-se assanhada 

e mesmo depois de brancos frutados 
tintos jovens licores maduros 
foi-se comedida 

e me deixou aqui sozinho 
salivando seu beijo 
de despedida

Degustação


atrai esnoba
retrai atormenta
contrai trasborda
distrai e entra

gosto de como chega à boca
contorce longuelínea amorosa
avoluma estremece e goza

sexta-feira

Espuma amante

desfila distraída
elegância alta delgada
quando nem sabe de mim

loiro anelado cabelo
brinco brilho vaga-lume
quando nem olha pra mim

avoluma e desaprisiona ais
voláteis volúveis marcantes
quando nem passa por mim




na brisa perfumes 
borbulhas borboletas 
quando nem se despede de mim 

e tão apaixonante quanto um espumante 
frescor de florais em suave caimento 
lá se vai silhueta contornando o vento