segunda-feira

Ranhuras


em meu colo o mundo adolesce
e ganha garras
   eros feroz felino
e apetece afrodite
   beijo de incisivos e cravadas

ah
coisa assim a gente não esquece
(a pele que expunha
         delicadamente
      a ponta da unha)

leio teu convite
e em casa
      sozinho
      sussurro
      sim

suo na noite que enlouquece
neste tesão que carcome
e numa prece de amor
    urro
    teu nome


domingo

Leva-me


agora parto
    desatar-me
          desamar-te?

pés mãos
        pele de terra esturricada
este tempo não comparto
        contigo
                 antigo amor

no quarto
recheado de poesia verrugosa
lençol frio
         teu vazio reverbero

no momento exato
    antes que o tempo tudo aborte
    até mesmo a morte
meu corpo amortecido
       cai
e entrega tua parte

saudade

é tua arte

  

quinta-feira

Imarginar Minas

esta minas
que
       de ti
             ainda infinda persiste
- onde o mar não bete

que
      de mim
            ainda descrevo triste
 - sem que a dor a retrate

por ti
por ter-te
       oceânea estamina
meu centro
adentro


que aos montes escrevo 
em onda de sonho que mais tarde amanhece 
e na crueza de rocha dos dias que morrem mais cedo

ah!

se margens houvesse