sábado

Luado amor






o uivar nos rangeres de cama enfeitiça
nos desarrumares de lençóis se apodera
a deixar-me náufrago vazio de mar

- a lua em seu corpo espreguiça
  desde a primeira primavera
  e nunca mais saiu do meu olhar

a janela abre e anima as cortinas - o bico eriça
tranças ao espelho e fronhas de linho
a luz em velatura filamenta a taça vinho

os ventos alísios não vieram
perderam-se no deserto oceânico, como eu
o céu se faz moldura para a lua do perigeu
e a mais intensa e bela luz da noite viça

mas hoje ela, como você, cumpre outra sina
mergulha na umbra da terra
fecha a própria janela
enrubresce submissa

e no horizonte invisível de delírio e errância
sem perder a elegância

nosso amor eclipsa


                                                                                                     .