segunda-feira

Poema ao ponto



seus braços escolho 
seus lábios acolho 

(toque que aveluda o viço da pele 
arrepia e desnuda de leve 
a poesia que não se apalavra) 

mergulha forte adentro 
corre ao encontro 
do exato epicentro 
que dos olhos escorre 



sexta-feira

Poema irrigado



chova uma palavra 
que granize esfole corte 

ventile única palavra 
que mude falas cegue bengalas 
 inflame e zangue terçol 
derreta sol em sangue 

raie a palavra 
marreta constructa 
trova(ão) de rima surda 
que urda mínima greta 
discreta quase secreta 

por onde a dor supure 
arrepele depure aclimate 

que nela me mate me enterre 
me replante 
para adiante 
adubar o que fica da poesia

Poema publicado na Tertúlia Pão de Queijo.

quinta-feira

Sombrio amor

eu a vi tênue
enorme oculta milhões de vezes
desce escolta minhas timidezes
ao pranto

e me cobrirei               
de sombra de luz nem sei
dos montes altos vão cair
mais negros cachos
de noite eterna

eu vi - serei seu
em breves leves insensatezes
espera por mim que lá estarei
mais longe que se viu verei
o rosto
da morte insana
na fenda mais escura
a vi louca linda nua
mas há de ser minha lua

Serenata - Pingos que falam de você


pingos me falam de você
chuva que cai e vai
vestindo luz de lua e estrela
flores no jardim 
pois
pingos que falam de você
ficam sempre

só não me diga que o sol ficou insano
e vai arder até secar você de mim
se isso acontecer 
não

pingos que falam de você
ficam sempre
lacrimejam em mim
ao som
de blues e muito vinho
ou de rimas
e aonde vou tudo rapidamente
chora seu brilho

pingos me falam de você
em névoa neblina que refletem estes versos
canta só pra mim
pois
nem mesmo o sol do meio dia
o dia inteiro
recusa ouvir
serenata sem fim

e aonde vou tudo rapidamente
chora seu brilho

pingos me falam de você
em névoa neblina que refletem estes versos
canta só pra mim
pois
nem mesmo o sol do meio dia
o dia inteiro
levará daqui
seca saudade sem fim


sexta-feira

Brinde ao luar


está charme em jóia ou joio
na brisa sinto expor seus lábios
basta sins e outros sins
por um triz
brinde comigo, vem meu bem

sei, nada é nada, é tarde
desmonto caio tento iludir-me
qual lado da lua você é pra mim?
brinde ao brilho, vem meu bem

- está vindo, tão linda tão minha
oh, raie infinito som
- está como eu sempre quis
raie poemas sutis
- olhar longe, tão meiga tão doce
  desde sempre assim
leve-me além do que diz

brinque de sol e espelho
seu brilho ao céu de amores que atraio
soe seu brinde ao éden também
brinde ao vinho, vem meu bem

- fim, à noite adeus
  sem tê-la aqui
  sim ao longe só finge só foge
  deixa-me a esmo

- brinque comigo
de estrela em soslaio não brinco
- pare de brincar
livre de seus raios

- lembra de mim, não me deixe aqui
o frio vem e entristece
antes do fim, enfim
brinde ao vinho, vem meu bem

sábado

Pena máxima

Juquinha



um devaneio me absolve
levar-te à serra do cipó
e ao sol que a envolve
sem receio contar-te
o quanto sem você morro