sexta-feira
segunda-feira
Sarau Ponto e Virgula
"Ter em Ribeirão Preto uma revista como a “Ponto & Vírgula” chegando à trigésima edição é um privilégio e um sinal de esperança. Privilégio porque é raro encontrar pessoas como a Irene Coimbra, que dedica sua vida às letras e assim nos alimenta a alma. Assim como também é raro beber de um sonho que sacode a realidade por tanto tempo. E é exatamente por isso que a “Ponto & Vírgula” é um sinal de esperança, uma prova de que – a despeito de toda corrente contrária – viver o sonho é a mais pura realidade."
Texto meu publicado na Revista "Ponto e Vírgula".
Texto meu publicado na Revista "Ponto e Vírgula".
domingo
sexta-feira
de relance
( na tarde daquele memorável samba - "Meu Romance", gravado por Orlando Silva)
tirei o colarinho
como na malandragem do samba de trinta
debaixo da jaqueira majestosa
quando os olhares cruzaram com carinho
e tu te me mostras-te tão gostosa
vestindo sandália
um leve tubinho
de malha
rosa
quarta-feira
rechaça
depois da queimada
depois do dilúvio
onde Becte?
não responde
perde-se na cachaça
na madrugada
não quer que a detecte
em repúdio
não se encontra no corpo
no cavado das pernas
não quer o nexo que a esgarça
prefere o vesúvio
a acolher tua farsa
sexta-feira
Madame Satã
o indivisível tempo
encara o punhal
Becte sente saudade e diz nos olhos
fazendo de mim âncora gutural
a lembrança é presente
o desejo é futuro
- o ontem pode ser ainda?
agora freme no gozo peristáltico
com ressonância intestinal
(não se tem prazer na lira do passado
que só não há porque se fez presente
quando
cuja vocação
era ser efêmero orfeu)
nos lábios
o amor presentifica o primeiro beijo
no afiado metal
o sangue é só o meuquinta-feira
adormece, mas não esquece
Becte retira lentamente a maquiagem
não se
sente morta
nos desapegos
e nos enovelos
todos os dias
dorme com a
incerteza
acorda com a
indefinição
e entre
sonhos e pesadelos
a única dor que não suporta
a única dor que não suporta
é a da traição
sexta-feira
Mona Becte
por mais que
a bela Becte nua
em sua insipidez
risonha
nos mostre
apreço pelas tardes coradas de setembro
furta-cor do
autor do dia
nem pintura
nem escultura
muito menos
fotografia
mesmo o vídeo
descarnando pernas adentro
nenhum olhar
que nela se ponha
jamais
perceberá
que ela morre de vergonha
.
póstumo
já não fui o belo
que afobadamente tenta embeber esta disritmia
resta o incidental sêmen nas pernas
no rabo do cometa
na cama desarrumadamente vazia
já não fui a arte
que não se contempla com os olhos
senão as aberrações na borra do café
a corrosiva cadeverina nos talheres sujos sobre a pia
já não fui a vida
que agora se faz ida
desta superveniente poesia
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