simulo o poema
tal quem
com cerradas pálpebras
simula um voo
o que chamam “poema”
é de papel
o que tua chamas “poema”
me despoeta
: é alarido
vento
redemunho um
quarto de lua um
quarto de núpcias sem
telhado uma
cama em febre aberta
ao céu um
quarto de hóspedes
com paredes de vidro
plantado insone no jardim noturno
sob um céu interno
estreladíssimo
está charme em jóia ou joio
na brisa sinto expor seus lábios
basta sins e outros sins
por um triz
brinde comigo, vem meu bem
sei, nada é nada, é tarde
desmonto caio tento iludir-me
qual lado da lua você é pra mim?
brinde ao brilho, vem meu bem
- está vindo, tão linda tão minha
oh, raie infinito som
- está como eu sempre quis
raie poemas sutis
- olhar longe, tão meiga tão doce
desde sempre assim
leve-me além do que diz
brinque de sol e espelho
seu brilho ao céu de amores que atraio
soe seu brinde ao éden também
brinde ao vinho, vem meu bem
- fim, à noite adeus
sem tê-la aqui
sim ao longe só finge só foge
deixa-me a esmo
- brinque comigo
de estrela em soslaio não brinco
- pare de brincar
livre de seus raios
- lembra de mim, não me deixe aqui
o frio vem e entristece
antes do fim, enfim
brinde ao vinho, vem meu bem