sexta-feira

Perfume de jamais



fim
e se assim for
um simples partir
sonhar a não se crer
no tempo
a descumprir juras de amor?

então
deixa-me ouvir
ao relento o teu tango
a vagar                                                                            
e fugirfundirferirtingir
            em lo uquec ida me nte
o sangue
o espinho
o pecado
o último pecado da flor

cair no esquecimento
vida sem motor
desflorescer no eternamento
que em teu rosto também é
também é jamais

- um lamento latente
  me faz anoitecer a cor
  me faz adormecer a dor
verrugosa flor
  um nada mais a delirar

- sim
  diga por favor
  deixa-me sentir
  sonhar-te o sol nascer
  teus olhos refletir
  o sol se por

então
deixa-me sentir
no longo tango do tempo
alento                                                                              
e fugirfundirferirtingir
em lo uquec ida me nte
o sangue
o espinho
o pecado
o único pecado da flor

e ao encontrar-te no apagar de tudo
sem mais um beijo a mais
teucoloteucalor sem o querer
o que me resta fazer?
cheirar tua rosa revoluto
que em teu corpo agora é
perfume de jamais 


12 comentários:

na vinha do verso disse...

Já contei aqui a história do meu reencontro com o tango de Piazzolla. Uma de suas grandes obras é esta peça “Oblivion”. Ouvi-la é uma grande emoção, é como se a gente cheirasse alma. Este sentimento que ele empresta à ideia do esquecimento eterno removeu estes poema. E, convenhamos, em se tratando de juras de amor, é um pecado a rosa perfumar adeus.

Se você tiver paciência, dá pra acompanhar o poema ouvindo a música. Um abração gente.

Wilson Torres Nanini disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Wilson Torres Nanini disse...

Que coisa mais linda! As nunces evolam-nos.

E a criação (i)lógica de acenos como "cheirar tua rosa revoluto/que em teu corpo agora é/perfume de jamais" me encheu de esperança pela criação literária vindoura de todos os cantos.

Forte abraço, grande poeta!

Tania regina Contreiras disse...


Um assombro! Vou querer reler ao som da música.
Parabéns e obrigada pelo presente que é o poema.
Grande abraço,

na vinha do verso disse...

oi Nanini

é mano
esta rosa é bem carnal
por dentro e por fora
na vida e na morte

abração

na vinha do verso disse...

e aí Tânia
presente é sua presença aqui em casa

com a ajuda do bandoneon do novo tango de Piazzolla
o poema ganha outra dimensão

abração

Unknown disse...

bailo eu cego como no filme de Pacino, este perfume de mulher, infindável em seus demais, que nunca será jamais



abração

na vinha do verso disse...


é perfume mulher
que exala sangue
do amor
entre o espinho e a flor

abração mano Assis

Anônimo disse...

Para que palavras?

Embalada...inebriada...
beijo, poeta!

na vinha do verso disse...

oi Adriana

e quem disse que música não perfuma?

é sempre bom ver vc aqui
abração

Vais disse...

Uma maravilha, Marcos!!!!

Grande abraço!

na vinha do verso disse...


obrigado Vais

abração