sábado

Vinho, flor e tango


ir sempre ir sempre ir e andar só
a te querer a me levar numa lágrima
taça de vinho merlot a me lembrar tinto baton
sorver seu querer evoluir eternar
reflorescer então perfume em mim

deixa-me ir luzir e fruir fruta cor
vou te pernoitar estrela brotar cantiga de flor
num refletir de pele ao sol se por
dourar enluarar e leve enlouquecer de amor por ti

ah céu de doce ilusão
adstringente coração
não me quer
não me quer  
quer não

aroma denso
vaga mais livre que o vento
desendereçada
dama da noite

ai meus belos ares contigo jamais
este tango tonto solitário
só faz doer calo nos pés

triste milonga
por um anjo vagueio 
por onde não sei
eu não sei
sim por não querer saber

mas eu sei que amarei sempre
este peito nasceu só por ti

ir sempre ir sempre ir e andar só
ainda há tanto de mar a sangrar numa lágrima
bandoneón a desacorçoar
ao ver a taça se abrir em pétalas  
para adegar teu buquê em mim



5 comentários:

na vinha do verso disse...

Outro dia peguei a pasta de música do Túlio para pescar novidades e, ironia, me deparei com canções de Astor Piazzola.

Tenho um elepê dele que, infelizmente, não está mais comigo e que não ouço há mais de 15 anos.

Meu filho o me trouxe uma grande emoção. Fiquei dias sem ouvir outra coisa. Então, saiu este poema. Ele permeia o solo do bandoneón de Piazzola em sua "Milonga Del Algel".

Ah, sobre as experimentações musicais... vou precisar de mais tempo para assimilar, mas tá indo... indo rsrsrs

bjão

Unknown disse...

adejo anjo e bandoneón nesta melodia de céu, milonga de andar lejos



abraço

na vinha do verso disse...

de levitar amigo Assis

taças
pecados
tangos depois

tudo levita

abs

Anônimo disse...

Caro Pizano,

a cada dia aumenta minha admiração por sua poesia, desde ontem estou a enamorar seus versos, porém não queria deixar um mero comentário protocolar. Agora depois de reler o poema e ouvir o tango o que posso dizer é que se trata de mais uma bela composição.

Parabéns! Ainda há tanto de mar a sangrar numa lágrima...

Abraço,

na vinha do verso disse...

oi Adriana

que bom que gostou
pena que eu não tenha voz para degustar esta mágica melodia de Astor Piazzola
então, resta-me sangrar este mar de versos rsrsrs

agradeço muito sua companhia
abração