quarta-feira

rechaça





depois da queimada
depois do dilúvio
onde Becte?

não responde
perde-se na cachaça
na madrugada
não quer que a detecte

em repúdio
não se encontra no corpo
no cavado das pernas
não quer o nexo que a esgarça

prefere o vesúvio
a acolher tua farsa


sexta-feira

Madame Satã





o indivisível tempo 
encara o punhal 

Becte sente saudade e diz nos olhos 
fazendo de mim âncora gutural 

a lembrança é presente 
o desejo é futuro 
- o ontem pode ser ainda? 

agora freme no gozo peristáltico 
com ressonância intestinal 

(não se tem prazer na lira do passado 
que só não há porque se fez presente 
quando 
cuja vocação 
era ser efêmero orfeu)

nos lábios
o amor presentifica o primeiro beijo 

no afiado metal
o sangue é só o meu


  

quinta-feira

adormece, mas não esquece





Becte retira lentamente a maquiagem
não se sente morta
nos desapegos e nos enovelos
todos os dias 
dorme com a incerteza
acorda com a indefinição

e entre sonhos e pesadelos
a única dor que não suporta

é a da traição


sexta-feira

Mona Becte












por mais que a bela Becte nua
em sua insipidez risonha
nos mostre apreço pelas tardes coradas de setembro
furta-cor do autor do dia
nem pintura nem escultura
muito menos fotografia
mesmo o vídeo descarnando pernas adentro
nenhum olhar que nela se ponha
jamais perceberá
que ela morre de vergonha

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