segunda-feira

Poematomas - Peso de água

Cachoeira Grande, Serra do Cipó

o verbo voar levita?
evita ele a falta de ar?

o verso não agradara
      recorte involuntário de estranha crueldade
      beleza que certamente não conforta
porque não se conforma
- a poesia em sua materialidade

enchente iminente recitara
arrebatadora natureza de tempestade

mas é com leveza de rio
dureza de pedra
peso de água
que a palavra batera-lhe na cara

  

domingo

Labirinto

Labirinto, Ma Ferreira
Assombra assim
       complexa e bela
Assona teu aroma
     abstrato jardim
     absinto

Quanto mais conheço o rumo
mais perco o prumo 
entre veredas do que sinto.

De ouvido a olvido
me encontro em labirinto.

Adri Aleixo

Marcos Pizano

  

Hospedeiro errante

alojam-se corações viajantes
que adubam almas com vírus fungos bactérias
                                          tatuagem carne viva

estalagem a céu de buracos negros
carregado de cada um de nossos vazios

(também sou passageiro 
                           tangente
de pouquíssimas paradas
                    leve instância)

de não se pedir guarida 
                     indulgência
  a quem é de sempre ir           
- para quem só há substância na partida

da ausência
     curta distância
sonhos indigentes
na bagagem
gentes e seus cacos
- colados aos meus

hospeda-se e ejeta-se

(sempre um estranho
                 a distar-se)