domingo

Vidas a mais

no quintal da casa de minha mãe
onde deixei minas 
         aos montes de ferro e enxofre
         que aprisionam corpos retinas
         e elevam almas súplicas ruínas

onde guardei brevidades
         que perfumam feijão quase queimado
         aguam casquinha de angu com açúcar 
         o rapar da raspa de arroz alhos e sais

onde plantei saudades
         na mesa sob a bela parreira de uva e docilidades
         no reinar na goiabeira de galhos nunca mais 
         no tempo que vende vento por tempestades


segunda-feira

Triste demais

quando chegavas mais perto
mais belo ficava
teu amor

adegado vinho
aberto
nos lábios

mais dentro
    o quanto flor
mais lá me deixava

e tanto
e mais

mas
foi quando partiste, meu amor
-  me viste quebrar um espelho de lembrança -
que descobri teu rosto no meu
estampando terra arrasada

e nem sequer me vi

ausência de ti
        saudade
ausência de mim
               solidão




 

sexta-feira

Sol da Liberdade


Paulo Vieira - Estudos xilogravuras 018
                                                                      codinome Julieta
o arrogante bradejar deste amor truculento!

não
não faça assim
braço forte sabe não pesar a mão
posto que
   longe ou perto
      todo amor é eterno

em seu seio
seu nome tome nos lábios
sem tomar verdades para si
            (é abraço esmagado
                  em corpo morto)

ao sol da liberdade toda beleza é de todo olhar

não faça assim com seu amor
porque ele
   como você
      é pátria livre

   

sábado

Poema pele adentro

entre o abraço e o rechaço
fica a memória do amor

terneza e tesura


mão alguma passará da minha pele
como a sua


   

segunda-feira


a canção só chora
só o vinho não convém
o verso evapora
o amor não vem


triste demais

sábado

Doce

deixa eu por você na boca
seu leve nome

           e
             de amor 
                  salivar
ttremerr na língua
trocar tocar suas lretas
pulsar em ddoobbrroo
trançar perper nasnas

seu nome chama fogo
morde arde esgarça escalpa

mas
    no ouvido
       assim saído baixinho de minha boca
   acalma
       em doce calda