sexta-feira

Brinde beijo

desocupe a palavra
- vale o doce da boca

aspire ventile na alma
tilinte toque sinta
o que se avulta e se oculta
no belo bailado neón

cole som ao prazer da bebida
não a deixe sozinha

fale cante o dom da sua vinha
não brinde ao
brinque com
- beba do bom da vida

Meu sol


nenhum
estou me estendendo em vão
saudade assim é pior
saudade cinza marrom

só um
e eu não mais choro deserto
venha me salvar agora
em tom de azul descoberto

e nem estando aqui me conforte
de onde meu olhar não te levou
arrastando-me embora 

vou-me agora
amor mais louco
este amor te dou



meu sol
luar também vive só
saudade assim é maior
vinho que só se guardou


sábado

Reencontro

ergueu-se contrasol imponente
límpida esguia curvou-se impertinente
e em meia taça encheu-me os olhos

bailamos um abraço colado
vigorosamente

reabrimos um branco de leve corpo
emocionadamente

sorrisos lacrimosos
olhos em eclipse lábios em elipse
quente rubro beijo

sabor intenso
que mora na ausência das palavras


sexta-feira

Celebração II






vid(eir)a que nos excede 

brindai-nos agonia em torvelinho 

altar e flauta - aura a nos exaltar 

orgasmiza-nos com tambores orgíacos 

bacos em bocas - sangue que intercede 

pelos evoés vinhonisíacos que escrevinho

Celebração I



vid(eir)a cúmplice nossa

condenai-nos à eterna ebriedade

ao metal nobre da alma

cálice e pátena

- a mais profunda memória de deus